terça-feira, 29 de novembro de 2011

MANIFESTO OFICARTE - PRO GALPÃO DAS ARTES



Movimento Pró-GARTES

MANIFESTO

Caros Internautas!

A OFICARTE Teatro & Cia., há um ano vem ocupando o prédio do antigo Clube Recreativo dos Estudantes Russanos – CRER, situado na Av. Cel. Araújo Lima, 350 – Centro/Russas-CE, com o objetivo de transformá-lo em um Centro de Ativação Cultural. Vários eventos já foram realizados no espaço, com uma aceitação pública muito boa. A população que habita no entorno do imóvel tem visto com bons olhos a iniciativa da OFICARTE, apoiando com a participação ativa em cada evento realizado nas dependências do mesmo.
A OFICARTE Teatro & Cia., é uma ONG sem fins lucrativos, fundada em 1990, cuja missão é proporcionar a produção, pesquisa e difusão artístico-cultural; desenvolver projetos de arte que promovam o desenvolvimento local, cultural e humano de comunidades de baixa renda; promover a integração sócio-cultural-educativa de crianças e adolescentes e desenvolver pesquisa sobre artes cênicas, arte-educação e cultura popular.
Entre as diversas atividades desenvolvidas pela OFICARTE, destaca-se o Projeto Brincantes de Teatro que em 10 anos de existência tem sido uma alternativa frente ao “mundo das drogas e da violência”, possibilitando uma vida nova através da arte, da cultura e da educação cidadã. Mais de 1000 estudantes já passaram pelo projeto, modificando suas vidas e de suas famílias. Iniciativa esta premiada pelo Programa Transformando com Arte/BNDES e reconhecida pelo Ministério da Cultura como Ponto de Cultura.
A OFICARTE e seus integrantes sempre estiveram ao lado dos estudantes de Russas, de forma que em 1993 preocupados com o destino do CRER – (fundado em 1975) e cuja diretoria eleita em 1988 havia encerrado sua gestão e não mais foi eleita outra, procurou formar uma Comissão no sentido de promover a eleição de uma nova diretoria para gerir o imóvel. Um prédio construído em 1976 sem nenhum projeto arquitetônico, em formato de galpão e com paredes rústicas (sem rebolco) já apresentando os primeiros sinais de abandono.
Na condição de estudantes universitários tentamos reorganizar os estudantes para eleger uma nova diretoria. Várias reuniões foram realizadas com lideranças de classes e presidentes de grêmios, mas os quóruns nunca foram considerados legítimos e representativos pelo administrador do CRER, o professor Antônio Gilmar de Oliveira. Estes movimentos perduraram até 1996 tendo como objetivo eleger uma diretoria e modificar o estatuto passando a chamar-se Centro de Referência do Estudante Russano, tendo um caráter sociocultural e educativo. Após criação de comissões provisórias e muitas discussões o movimento silenciou ao nos afastarmos.
Novamente em 2001 fizemos novas tentativas de mobilização já que trabalhávamos com o público estudantil de várias escolas de Russas e não tínhamos espaços adequados para as atividades nas dependências das mesmas e depois de tentativas de ocupação do espaço do CRER por terceiros.
O prédio já se encontrava em avançado estado de depredação, tomado pelo mato e com o telhado já comprometido, pois havia se tornado em quadra de futebol e esconderijo de marginais.
Percebendo o abandono e a ingerência, criamos uma nova Comissão formada por estudantes do Colégio Estadual, CAIC, CNEC, E.E.F. Murilo Serpa, E.E.F. Rdo. de Deus, E.E.F. Matoso Filho e Liceu Prof. Walker C. Maia. Esta ultima tentativa foi registrada em livro de atas para que pudéssemos documentar já que as anteriores foram desconsideradas pelo administrador do CRER.
Propomos então assumir a administração e gerência da entidade juntamente com um conselho formado por estudantes e professores. A proposta era atualizar o estatuto, mudar a razão social e a OFICARTE entraria como entidade gestora. No entanto na maioria das reuniões os estudantes votaram no sentido de transferi o prédio para a OFICARTE.
A posição do Prof. Gilmar sempre foi de eleger uma diretoria e essa daria o destino que lhe conviesse. No entanto isso nunca aconteceu. A maior reunião, a mais representativa, reuniu 126 lideranças estudantis. A decisão nesta reunião mais uma vez foi a transferência do CRER para a OFICARTE, pois os estudantes reconheciam que não tinham como manter a instituição, já que não existe nenhuma fonte de financiamento para entidades estudantis e a OFICARTE enquanto entidade cultural e cujas ações são destinadas aos estudantes estaria em melhores condições de gerir o espaço. No entanto respeitamos a postura do Prof. Gilmar, que convocou duas professoras para tentarem novas articulações.
Todas estas mobilizações aconteceram entre 2001 a 2005 quando nos afastamos para deixar que estas professoras e uma associação estudantil criada naquele ano, dessem prosseguimento ao processo. Vale lembrar que de todas estas mobilizações o prof. Gilmar só compareceu a 3 (três) reuniões: uma em 2003 e duas em 2005 e em nenhuma foi dado qualquer encaminhamento. Sempre se ateve a contar a história passada do CRER, com certo saudosismo e sentimentalismo, sem, no entanto dar qualquer encaminhamento prático à questão. Repete incansavelmente que “o CRER é dos estudantes”, mas estes não podem decidir o seu destino. (Grifo nosso).
Analisando o estatuto do CRER verificamos que o mesmo é representado pelo seu administrador Antônio Gilmar de Oliveira coadjuvado por uma diretoria formada por estudantes sócios do CRER. O mesmo define que serão sócios os estudantes de 1º, 2º e 3º graus e que sejam contribuintes, ou seja, os demais estudantes não são sócios. Lembremos que desde 1988 não existe nenhum contribuinte. Diz também que qualquer mudança, alteração, dissolução, etc. só serão efetivadas mediante a aprovação de 2/3 dos sócios. Não diz dos estudantes russanos. Diz também que os sócios contribuintes perdem suas prerrogativas como sócio ao sessar sua condição como estudante. De forma que o CRER não tem sócio. E como o mesmo foi construído de doações e promoções, poderemos considera-lo comunitário e de interesse público, por esse motivo na qualidade de entidade de utilidade pública municipal, requeremos ao Ministério Público a posse do imóvel para transformá-lo em um Centro de Referencia Cultural para os estudantes e a comunidade russana como um todo.
O prof. Antônio Gilmar de Oliveira em todas as reuniões diz que o CRER é dos estudantes, fala de suas finalidades, que nunca foram postas em prática, porém omite que em 1988 a União Nacional dos Estudantes – UNE, não reconheceu o CRER como entidade representativa dos estudantes, já que sua atuação era restrita apenas a seus sócios, ou seja, o CRER foi constituído como um Clube social tal qual a AABB ou AACR. Isto motivou a realização de um Congresso estudantil em 1989, onde foi criado a União Secundarista dos Estudantes de Russas – USER em cujo estatuto o CRER passou a ser um Departamento de Esporte. Que foi eleito uma diretoria que nunca tomou posse e nem foi reconhecida pelo administrador do CRER, iniciando assim o longo período de abandono que perdura até hoje.
Após nosso afastamento das articulações em 2005, nada foi feito, perdurou o mesmo silêncio, abandono, depredação e tentativas de apropriação indébita que só não aconteceu por estarmos sempre atentos ao que estava acontecendo. Em 2010 resolvemos estão ocupar o espaço e entrar com uma ação cível na justiça. Tornamos público nossa ação informando no programa de rádio mais ouvido na cidade e na região. Neste momento tomamos conhecimento por um vereador que se pronunciou no “ar” que a prefeitura de Russas iria desapropriar o imóvel para a construção de uma UPA e que o recurso para a indenização já havia sido aprovado. Nossa ação impediu que esta negociação fosse leveda a cabo.
No ato de ocupação realizamos um grande cortejo pela cidade até a frente do prédio onde realizamos apresentações de teatro e circo, finalizando com uma grande ciranda formada pelos artistas e pelas famílias que moram no entorno, que aplaudiram e apoiaram nossa iniciativa.
Há um ano estamos ocupando o prédio que já se encontrava completamente depredado, com o objetivo de transformá-lo no Centro Cultural Galpão das Artes – GARTES. Vários eventos já foram realizados no espaço com ótima aceitação do público formado por estudantes, professores, donas de casa e classe trabalhadora.
Entre os eventos destacamos a MOSTRA OFICARTE 20ANOS/XX MERGULHO TEATRAL com quatro noites de apresentações artísticas com a presença de artistas russanos e de outros artistas do Vale do Jaguaribe e de um curador do CENPEC – São Paulo que veio conferir a programação resultando no Prêmio Cultura Viva do Ministério da Cultura; o II Luau da K-Zumbar; Mostra 10 Anos do Ponto de Cultura Brincantes de Teatro; Espetáculo CUIA e a I Virada Cultural com 12 horas de espetáculos de teatro, dança e circo, shows musicais e a participação das escolas Raimundo de Deus, Murilo Serpa, CAIC e Coração de Jesus e a participação especial do Grupo Argentino Patos Mojados com o espetáculo “Patologias”.
Estamos iniciando uma campanha para a reforma e já construímos no local em estúdio multimídia e uma ilha digital, porém algumas barreiras são colocadas no caminho para tentar silenciar este movimento de luta em prol da cultura russana. Desafios são muitos e todas as ordens, a começar pelo lado financeiro, mas o pior de todos são as forças contrárias ao desenvolvimento da arte, da cultura e da cidadania, que com discursos bem elaborados que não passam de simples retórica, pretendem enganar a classe estudantil que não conhece a história do movimento e retardar mais uma vez a construção de um projeto de arte, cidadania e educação.
Este manifesto é um esclarecimento, um grito de alerta, é um relato histórico, é uma bandeira de luta e sobre tudo um chamamento a toda comunidade russana, jaguaribana, cearense e em especial as classes artística e estudantil sobre as forças hostis que sempre atuaram no sentido de silenciar e colocar no ostracismo os artistas e suas artes. Russas é marcada por estas histórias onde os poderosos manipulam as massas contra os ativistas culturais. Foi assim com Joaquim Lourenço, Joaquim da Cabocla, Zé Graciano, Antônio da Marta entre outros que tiveram suas manifestações silenciadas. Onde estão nossos reisados, nosso carnaval, as congadas, os bumba-meu-boi, os bonecos de Raimundo de Zé Romão, os dramas de dona Gerardina e dona Vilma? Morreram todos por falta de apoio e em alguns casos por perseguição velada de alguns segmentos da sociedade. O Que foi feito do nosso cinema? Quem hoje se beneficia dele? Com certeza se o patrimônio da Sociedade Beneficente Russana tivesse sido transferido para outra instituição atuante na época seus bens certamente estariam servindo a comunidade russana e não a terceiros.
Levantemos a bandeira desta “construção cidadã”, não queremos nos apossar de um patrimônio dos estudantes para interesses próprios e sim dar uso social a um espaço abandonado que não tem servido para nada a não ser para especulação imobiliária já que se encontra em uma área nobre da cidade.
Queremos um espaço vivo e dinâmico onde irá pulsar a arte e a cultura de Russas e do Vale do Jaguaribe, abrindo espaços para intercâmbios com outros artistas e grupos do Ceará, do Brasil e do Mundo. Um espaço de convivência de artistas, estudantes, educadores e da família russana. Que não seja um espaço para “Beber, cair e levantar”.
“A gente não quer só comida,
A gente quer comida, diversão e arte”. Titãs

ESTE É O PROJETO DO CENTRO CULTURAL GALPÃO DAS ARTES – GARTES

“Sonho que se sonha só, é apenas um sonho. Sonho que se sonha juntos torna-se realidade” – Raul Seixas.

SONHEMOS JUNTOS ENTÃO!

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