Movimento Pró-GARTES
MANIFESTO
Caros Internautas!
A OFICARTE
Teatro & Cia., há um ano vem ocupando o prédio do antigo Clube Recreativo
dos Estudantes Russanos – CRER, situado na Av. Cel. Araújo Lima, 350 –
Centro/Russas-CE, com o objetivo de transformá-lo em um Centro de Ativação
Cultural. Vários eventos já foram realizados no espaço, com uma aceitação
pública muito boa. A população que habita no entorno do imóvel tem visto com
bons olhos a iniciativa da OFICARTE, apoiando com a participação ativa em cada
evento realizado nas dependências do mesmo.
A OFICARTE
Teatro & Cia., é uma ONG sem fins lucrativos, fundada em 1990, cuja missão
é proporcionar a produção, pesquisa e difusão artístico-cultural; desenvolver
projetos de arte que promovam o desenvolvimento local, cultural e humano de
comunidades de baixa renda; promover a integração sócio-cultural-educativa de
crianças e adolescentes e desenvolver pesquisa sobre artes cênicas, arte-educação
e cultura popular.
Entre as
diversas atividades desenvolvidas pela OFICARTE, destaca-se o Projeto
Brincantes de Teatro que em 10 anos de existência tem sido uma alternativa
frente ao “mundo das drogas e da violência”, possibilitando uma vida nova
através da arte, da cultura e da educação cidadã. Mais de 1000 estudantes já
passaram pelo projeto, modificando suas vidas e de suas famílias. Iniciativa
esta premiada pelo Programa Transformando com Arte/BNDES e reconhecida pelo
Ministério da Cultura como Ponto de Cultura.
A OFICARTE e
seus integrantes sempre estiveram ao lado dos estudantes de Russas, de forma
que em 1993 preocupados com o destino do CRER – (fundado em 1975) e cuja
diretoria eleita em 1988 havia encerrado sua gestão e não mais foi eleita
outra, procurou formar uma Comissão no sentido de promover a eleição de uma
nova diretoria para gerir o imóvel. Um prédio construído em 1976 sem nenhum
projeto arquitetônico, em formato de galpão e com paredes rústicas (sem
rebolco) já apresentando os primeiros sinais de abandono.
Na condição de
estudantes universitários tentamos reorganizar os estudantes para eleger uma
nova diretoria. Várias reuniões foram realizadas com lideranças de classes e
presidentes de grêmios, mas os quóruns nunca foram considerados legítimos e
representativos pelo administrador do CRER, o professor Antônio Gilmar de
Oliveira. Estes movimentos perduraram até 1996 tendo como objetivo eleger uma
diretoria e modificar o estatuto passando a chamar-se Centro de Referência do
Estudante Russano, tendo um caráter sociocultural e educativo. Após criação de
comissões provisórias e muitas discussões o movimento silenciou ao nos
afastarmos.
Novamente em
2001 fizemos novas tentativas de mobilização já que trabalhávamos com o público
estudantil de várias escolas de Russas e não tínhamos espaços adequados para as
atividades nas dependências das mesmas e depois de tentativas de ocupação do
espaço do CRER por terceiros.
O prédio já se
encontrava em avançado estado de depredação, tomado pelo mato e com o telhado
já comprometido, pois havia se tornado em quadra de futebol e esconderijo de
marginais.
Percebendo o
abandono e a ingerência, criamos uma nova Comissão formada por estudantes do
Colégio Estadual, CAIC, CNEC, E.E.F. Murilo Serpa, E.E.F. Rdo. de Deus, E.E.F.
Matoso Filho e Liceu Prof. Walker C. Maia. Esta ultima tentativa foi registrada
em livro de atas para que pudéssemos documentar já que as anteriores foram
desconsideradas pelo administrador do CRER.
Propomos então
assumir a administração e gerência da entidade juntamente com um conselho
formado por estudantes e professores. A proposta era atualizar o estatuto,
mudar a razão social e a OFICARTE entraria como entidade gestora. No entanto na
maioria das reuniões os estudantes votaram no sentido de transferi o prédio
para a OFICARTE.
A posição do
Prof. Gilmar sempre foi de eleger uma diretoria e essa daria o destino que lhe
conviesse. No entanto isso nunca aconteceu. A maior reunião, a mais
representativa, reuniu 126 lideranças estudantis. A decisão nesta reunião mais
uma vez foi a transferência do CRER para a OFICARTE, pois os estudantes
reconheciam que não tinham como manter a instituição, já que não existe nenhuma
fonte de financiamento para entidades estudantis e a OFICARTE enquanto entidade
cultural e cujas ações são destinadas aos estudantes estaria em melhores
condições de gerir o espaço. No entanto respeitamos a postura do Prof. Gilmar,
que convocou duas professoras para tentarem novas articulações.
Todas estas
mobilizações aconteceram entre 2001 a 2005 quando nos afastamos para deixar que
estas professoras e uma associação estudantil criada naquele ano, dessem
prosseguimento ao processo. Vale lembrar que de todas estas mobilizações o
prof. Gilmar só compareceu a 3 (três) reuniões: uma em 2003 e duas em 2005 e em
nenhuma foi dado qualquer encaminhamento. Sempre se ateve a contar a história
passada do CRER, com certo saudosismo e sentimentalismo, sem, no entanto dar
qualquer encaminhamento prático à questão. Repete incansavelmente que “o CRER é
dos estudantes”, mas estes não podem decidir o seu destino. (Grifo nosso).
Analisando o
estatuto do CRER verificamos que o mesmo é representado pelo seu administrador
Antônio Gilmar de Oliveira coadjuvado por uma diretoria formada por estudantes
sócios do CRER. O mesmo define que serão sócios os estudantes de 1º, 2º e 3º
graus e que sejam contribuintes, ou seja, os demais estudantes não são sócios.
Lembremos que desde 1988 não existe nenhum contribuinte. Diz também que
qualquer mudança, alteração, dissolução, etc. só serão efetivadas mediante a
aprovação de 2/3 dos sócios. Não diz dos estudantes russanos. Diz também que os
sócios contribuintes perdem suas prerrogativas como sócio ao sessar sua
condição como estudante. De forma que o CRER não tem sócio. E como o mesmo foi
construído de doações e promoções, poderemos considera-lo comunitário e de
interesse público, por esse motivo na qualidade de entidade de utilidade
pública municipal, requeremos ao Ministério Público a posse do imóvel para
transformá-lo em um Centro de Referencia Cultural para os estudantes e a
comunidade russana como um todo.
O prof.
Antônio Gilmar de Oliveira em todas as reuniões diz que o CRER é dos
estudantes, fala de suas finalidades, que nunca foram postas em prática, porém
omite que em 1988 a União Nacional dos Estudantes – UNE, não reconheceu o CRER
como entidade representativa dos estudantes, já que sua atuação era restrita
apenas a seus sócios, ou seja, o CRER foi constituído como um Clube social tal
qual a AABB ou AACR. Isto motivou a realização de um Congresso estudantil em
1989, onde foi criado a União Secundarista dos Estudantes de Russas – USER em
cujo estatuto o CRER passou a ser um Departamento de Esporte. Que foi eleito
uma diretoria que nunca tomou posse e nem foi reconhecida pelo administrador do
CRER, iniciando assim o longo período de abandono que perdura até hoje.
Após nosso
afastamento das articulações em 2005, nada foi feito, perdurou o mesmo
silêncio, abandono, depredação e tentativas de apropriação indébita que só não
aconteceu por estarmos sempre atentos ao que estava acontecendo. Em 2010
resolvemos estão ocupar o espaço e entrar com uma ação cível na justiça.
Tornamos público nossa ação informando no programa de rádio mais ouvido na
cidade e na região. Neste momento tomamos conhecimento por um vereador que se
pronunciou no “ar” que a prefeitura de Russas iria desapropriar o imóvel para a
construção de uma UPA e que o recurso para a indenização já havia sido
aprovado. Nossa ação impediu que esta negociação fosse leveda a cabo.
No ato de
ocupação realizamos um grande cortejo pela cidade até a frente do prédio onde
realizamos apresentações de teatro e circo, finalizando com uma grande ciranda
formada pelos artistas e pelas famílias que moram no entorno, que aplaudiram e apoiaram
nossa iniciativa.
Há um ano
estamos ocupando o prédio que já se encontrava completamente depredado, com o
objetivo de transformá-lo no Centro
Cultural Galpão das Artes – GARTES. Vários eventos já foram realizados no
espaço com ótima aceitação do público formado por estudantes, professores,
donas de casa e classe trabalhadora.
Entre os
eventos destacamos a MOSTRA OFICARTE 20ANOS/XX MERGULHO TEATRAL com quatro
noites de apresentações artísticas com a presença de artistas russanos e de
outros artistas do Vale do Jaguaribe e de um curador do CENPEC – São Paulo que
veio conferir a programação resultando no Prêmio Cultura Viva do Ministério da
Cultura; o II Luau da K-Zumbar; Mostra 10 Anos do Ponto de Cultura Brincantes
de Teatro; Espetáculo CUIA e a I Virada Cultural com 12 horas de espetáculos de
teatro, dança e circo, shows musicais e a participação das escolas Raimundo de
Deus, Murilo Serpa, CAIC e Coração de Jesus e a participação especial do Grupo
Argentino Patos Mojados com o espetáculo “Patologias”.
Estamos iniciando
uma campanha para a reforma e já construímos no local em estúdio multimídia e
uma ilha digital, porém algumas barreiras são colocadas no caminho para tentar
silenciar este movimento de luta em prol da cultura russana. Desafios são muitos
e todas as ordens, a começar pelo lado financeiro, mas o pior de todos são as
forças contrárias ao desenvolvimento da arte, da cultura e da cidadania, que
com discursos bem elaborados que não passam de simples retórica, pretendem
enganar a classe estudantil que não conhece a história do movimento e retardar
mais uma vez a construção de um projeto
de arte, cidadania e educação.
Este manifesto
é um esclarecimento, um grito de alerta, é um relato histórico, é uma bandeira
de luta e sobre tudo um chamamento a toda comunidade russana, jaguaribana,
cearense e em especial as classes artística e estudantil sobre as forças hostis
que sempre atuaram no sentido de silenciar e colocar no ostracismo os artistas
e suas artes. Russas é marcada por estas histórias onde os poderosos manipulam
as massas contra os ativistas culturais. Foi assim com Joaquim Lourenço,
Joaquim da Cabocla, Zé Graciano, Antônio da Marta entre outros que tiveram suas
manifestações silenciadas. Onde estão nossos reisados, nosso carnaval, as congadas,
os bumba-meu-boi, os bonecos de Raimundo de Zé Romão, os dramas de dona
Gerardina e dona Vilma? Morreram todos por falta de apoio e em alguns casos por
perseguição velada de alguns segmentos da sociedade. O Que foi feito do nosso
cinema? Quem hoje se beneficia dele? Com certeza se o patrimônio da Sociedade
Beneficente Russana tivesse sido transferido para outra instituição atuante na
época seus bens certamente estariam servindo a comunidade russana e não a
terceiros.
Levantemos a
bandeira desta “construção cidadã”, não queremos nos apossar de um patrimônio
dos estudantes para interesses próprios e sim dar uso social a um espaço
abandonado que não tem servido para nada a não ser para especulação imobiliária
já que se encontra em uma área nobre da cidade.
Queremos um
espaço vivo e dinâmico onde irá pulsar a arte e a cultura de Russas e do Vale
do Jaguaribe, abrindo espaços para intercâmbios com outros artistas e grupos do
Ceará, do Brasil e do Mundo. Um espaço de convivência de artistas, estudantes,
educadores e da família russana. Que não seja um espaço para “Beber, cair e
levantar”.
“A gente não
quer só comida,
A gente quer
comida, diversão e arte”. Titãs
ESTE É O
PROJETO DO CENTRO CULTURAL GALPÃO DAS ARTES – GARTES
“Sonho que se
sonha só, é apenas um sonho. Sonho que se sonha juntos torna-se realidade” –
Raul Seixas.
SONHEMOS
JUNTOS ENTÃO!
Nenhum comentário:
Postar um comentário